[Notícia] Projeto para o TAV Será Conhecido em um Mês

[Renanfsouza]

Projeto para o TAV Será Conhecido em um Mês

17/12/2007 - 20h22

Daqui a exatos trinta e três dias o projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) vai dar o primeiro grande passo rumo à sua concretização. No dia 18 de janeiro seis empresas vão apresentar o estudo de execução para a implantação do trem no trecho Rio-São Paulo. Nesta segunda-feira (17/12), o secretário de Transportes, Julio Lopes, se reuniu com a Systra, subsidiária das estatais do setor de transportes na França, que vai participar do projeto de estudo de demanda e traçado para a linha de alta velocidade.
Dentre os estudos convencionais sobre demanda, impactos sócio-ambientais, logística urbana e outros, o secretário solicitou aos franceses uma proposta para integrar o TAV ao centro do Rio e ao Aeroporto Tom Jobim.

- É perfeitamente possível integrar o trem de alta velocidade à malha ferroviária urbana. Nos intervalos em que a linha estiver desocupada ele circularia com uma velocidade menor. Para se ter uma idéia, o trem que liga Paris a Lyon, quando chega nas áreas urbanas diminui a velocidade para 100km/h - exemplificou Julio Lopes.

A empresa, que será escolhida pelo BNDES e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), terá sete meses para a realização do projeto, que vai analisar qual público potencial para esse tipo de transporte, quais os locais mais apropriados para a construção de estações ao longo da linha. O estudo da geografia do terreno por onde passará o trem-bala é definitivo para a determinação do custo final do projeto, já que será nessa parte da pesquisa que ficará definido qual a tecnologia a ser usada no sistema: material rodante e linha permanente. Essa parte da pesquisa também vai analisar as tecnologias disponíveis no mercado para saber qual a mais adequada ao projeto brasileiro.

Afinada a esta idéia, a Rio-Trilhos (Companhia de Transportes sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro), ligada à Secretaria de Transportes, criou o projeto denominado Arco Ferroviário, que pretende construir uma linha férrea ligando a Barra da Tijuca ao Centro do Rio, passando por Jacarepaguá, Madureira, Penha e o Aeroporto Tom Jobim. Haverá um terminal entre Jacarepaguá e Madureira desviando o Trem de Alta Velocidade em direção a Volta Redonda, Resende, e outras estações que forem incluídas no projeto, até chegar à cidade de São Paulo.

Segundo Claude Gevrey, diretor da Systra – uma das seis empresas selecionadas, e que já implantou o TAV em mais de 150 países, a maior dificuldade em colocar esta obra de pé é a questão das licenças ambientais e as desapropriações ao longo do trecho.

- Esse é o maior desafio e por isso que não podemos estimar um tempo exato de execução da obra. Normalmente um projeto dessa magnitude leva dez anos para ser concluído.

Julio Lopes destacou que o trem de alta velocidade não é um problema de tecnologia ou de falta de dinheiro. É uma questão essencialmente de gestão política e por isso acredita que a boa articulação entre os governos do Rio e de São Paulo vai tornar real este desejo da população.

- O BID já disponibilizou R$ 1,8 milhão e o governo federal já está sensibilizado em apoiar o projeto. Em termos tecnológicos tudo é possível, a exemplo do trem na Coréia do Sul, que foi construído para suportar o maior grau de abalo sísmico na Escala Richter. Ou seja, a questão maior é a sociedade e a política se articularem. E estamos na direção certa – ressaltou o secretário.

Segundo Guilherme Quintella, presidente da ADTrem - empresa que desde de 2006 representa as fabricantes de trens de alta velocidade - a sociedade ainda vê o projeto como uma obra de ficção científica e precisa acreditar que o trem é uma realidade.

- Parece que estamos falando de disco voador: todo mundo já ouviu falar, muita gente conhece, acredita, poucos viram e quase ninguém já andou. Mas a construção do trem de alta velocidade é questão de tempo, afirmou.

Diferente de outros países em que o trem de alta velocidade foi financiado por recursos públicos, no Brasil a obra será executada por uma PPP (Parceria Público-Privada).

Outra novidade é que a cidade de Campinas, com quatro milhões de habitantes e abrigando um dos mais respeitados pólos acadêmico-científico do país, foi incluída no projeto do trem de alta velocidade, o que vai aliviar o congestionado aeroporto de Vira-Copos na região.

Fonte: Site da SETRANS/RJ