1. ETCS (European Train Control System)
É o sistema europeu padronizado de sinalização e controle automático de trens, criado para substituir os inúmeros sistemas nacionais incompatíveis entre si. Ele padroniza:
Como o trem recebe as informações da via
Como calcula sua curva de frenagem
Como controla sua velocidade
Como garante a segurança das movimentações
Ele faz isso combinando informações enviadas pela via, sensores do trem e cálculos internos que definem exatamente até onde o trem pode avançar com segurança.
É o “guarda-chuva”, do qual o ETCS é um dos componentes. O ERTMS inclui:
ETCS → Controle de trens e segurança
GSM-R → Comunicação digital entre trens e centros
(No futuro) FRMCS → Substituto do GSM-R baseado em 5G industrial
É o coração lógico do ETCS.
A MA é o limite virtual e seguro até onde o trem está autorizado a avançar.
Ela substitui o conceito tradicional de bloco fixo com sinal luminoso.
A MA inclui:
Velocidade máxima permitida
Distância permitida até o fim da autorização
Perfis de gradiente, curvas, restrições temporárias
Informações dinâmicas de tráfego à frente
Enquanto a MA existe, o trem pode avançar.
Quando ela chega ao fim, o trem deve estar a 0 km/h ou numa nova MA.
O ETCS calcula continuamente a curva de frenagem mais restritiva usando:
Dados do trem (massa, aceleração, tipo de freio)
Dados da via (rampas, curvas, velocidade máxima)
Distância até o fim da MA
Se o maquinista ultrapassa a curva, o sistema intervém com frenagem automática.
Os níveis são tipos de arquitetura, não “graus de segurança”.
Nível 0
Trem circula sem infraestrutura ETCS; só usa o painel a bordo para monitoramento.
Nível 1
Comunicação via balizas fixas transponder (Eurobalises)
Informações enviadas em “pacotes” pontuais
Pode coexistir com sinalização lateral tradicional
Cobre estações e linhas convencionais
Nível 2
Comunicação contínua via GSM-R
Centro RBC (Radio Block Centre) envia MA em tempo real
Não precisa mais de sinais laterais
Permite blocos móveis limitados (MA adaptativa)
Nível 3
Bloco verdadeiramente móvel
Trem reporta em tempo real sua integridade
Distância entre trens definida pelo espaço de frenagem, não por blocos fixos
Aumenta muito a capacidade da linha
1. A via fornece o “mapa”
Por meio de:
Balizas fixas (Eurobalises)
Balizas controláveis (Lineside Electronic Units)
RBC via rádio (Nível 2 e 3)
A via informa ao trem:
Topologia
Perfis de velocidade
Localização de limites de seção
Condições de via
Permissões ou restrições
2. O trem calcula em tempo real
A unidade a bordo (OBU) calcula:
Posição exata (odometria + balizas)
Velocidade permitida
Curva de frenagem dinâmica
Movimento seguro até o fim da MA
3. O sistema decide
O OBU decide se:
O maquinista está dentro ou fora da curva
É necessário avisar, desacelerar, ou frear automaticamente
Uma nova MA pode ser aceita
4. O trem reporta ao RBC
No ETCS Nível 2/3 o trem envia:
Identidade
Posição exata
Estado do movimento
Integridade do trem
Dados técnicos
Isso é o que permite eliminar sinais laterais.
Padronização Continental
Acaba com dezenas de sistemas incompatíveis (PZB, LZB, ASFA, TVM, AWS, KVB etc.).
Aumento da capacidade da linha
Com blocos virtuais ou móveis, cabe mais trem na mesma linha sem perder segurança.
Menos infraestrutura física
Principalmente no nível 2:
Menos sinais laterais
Menos cabos
Menos falhas mecânicas
Segurança extrema
O ETCS usa verificações redundantes e curvas de frenagem preditivas — evita erros humanos.
Interoperabilidade
Um trem com ETCS pode rodar em qualquer país que tenha ETCS.
O ETCS é, essencialmente:
Um sistema de sinalização distribuído, digital e baseado em cálculo contínuo de autorização de movimento e curva de frenagem, substituindo a lógica fixo-física dos blocos por uma lógica virtual orientada por dados.
Ele transforma a via em um sistema cognitivo, o trem em uma unidade inteligente, e a circulação em uma operação dinâmica e contínua, não mais dependente de sinal fixo.