Paralelo EFVM e TGV SP-RIO


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Renanfsouza
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Paralelo EFVM e TGV SP-RIO

Mensagem não lida por Renanfsouza » 06 Jun 2008, 12:51

DUDU escreveu:Caros,

Penso eu que um dos maiores entraves, senão o maior, para a execução do projeto do TGV brasileiro seria a constatação de uma pequena demanda por passageiros. Raro não é encontrar na mídia quem sustente que após tanto descaso governamental com o sistema de transporte ferroviário de passageiros no país, fato que se estende há várias décadas, o brasileiro teria perdido uma tal de "cultura ferroviária". Bobagem.

Como se não bastasse, o estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, sabe-se lá movido em defesa de quais interesses, discorda da previsão de passageiros apresentado, até então, por três projetos de TGV de empresas internacionais: "Dos três projetos analisados pelo grupo de trabalho, dois teriam apresentado previsão de demanda em completo desacordo com a realidade prevista nas estatísticas de movimentação de passageiros, diz o estudo da consultoria, acrescentando que “o terceiro projeto apresenta precisão mais coerente, mas foi descartado”. O projeto escolhido prevê, para 2011, 32,6 milhões de passageiros viajando no trem-bala. O estudo da Câmara mostra que, em 2006, o número de viajantes entre Rio e São Paulo, por ônibus, automóvel e avião foi de 8,4 milhões" (http://clipping.planejamento.gov.br/Not ... Cod=405092).

Apenas 8,4 milhões de viajantes entre as duas metrópoles nacionais, por ônibus, automóvel e avião em um ano? É de arrepiar!

O fato é que a Estrada de Ferro Vitória-Minas, em 365 dias, transporta aproximadamente 1,1 milhão de pessoas, com paradas em 29 estações, em pequenas-e-quase-vilas cidades mineiras e capixabas, com a promessa de que o trajeto seja feito em 12 horas e 40 minutos, com atraso de 30 minutos sendo considerado aceitável pela própria Vale (Quando eu fiz a viagem, o trem só chegou a Vitória após 14 horas de viagem. Os dados são do site da empresa, www.vale.com). São 664 quilômetros da ferrovia, com os trens trafegando a uma velocidade média de 60 km/h e máxima de 67 km/h. O preço da passagem gira em torno de R$ 40 pela viagem completa na classe econômica. Na executiva, o valor é de aproximadamente R$ 60.

Certo, também, é que a EFVM não é a única opção de transporte para quem pretende deixar Belo Horizonte com destino a cidades do interior do estado ou à própria capital capixaba. Ainda assim, mesmo com o percurso sendo lentíssimo e o passageiro sendo "pintado de minério" ao longo do percurso na classe econômica - a mais procurada -, a linha ferroviária consegue atrair algo em torno de 13% do número total de viajantes entre SP e Rio, por ônibus, carro e avião; se se considera o estudo da Casa do Congresso Nacional que tem a competência constitucional de representar o Povo.

É uma falácia a tese de que o brasileiro não mais tem apreço pelo sistema de transporte ferroviário de passageiros e, ainda pior, a tese de que não se acostumaria a ele novamente. Mesmo com tantas adversidades, a EFVM consegue ter uma grande demanda, considerando-se as características da região. Eu arriscaria a dizer que a cidade de São Paulo, sozinha, possui um número maior de habitantes do que se somadas as populações de todos os municípios por onde a EFVM passa. BH e Vitória, juntas, esbarram em 3 milhões de habitantes.

Além do mais, a meu sentir, a procura pela EFVM se dá, em maior caso, por um perfil turístico e, em menor, a alguém que realmente use a linha ferroviária com intuito de, estritamente, se locomover entre cidades por algum outro tipo de necessidade que não turística. Isto, levando-se em conta toda a linha e não estações isoladas, como um sujeito que sai de Conselheiro Pena e vai fazer compras em Frederico Sellow. Mas, não seria este o caso do TGV SP-RJ a meu ver, onde a conveniência do transporte teria uma abrangência enorme, durante todo o ano. Porque, convenhamos, tendo a demanda pela EFVM um perfil turístico, seria natural que a linha realmente tivesse picos de procura em meses de férias.

Bom, não gostaria de me estender mais.
Espero que possamos discutir as teses falaciosas e reafirmar a viabilidade do TGV SP-RJ, não somente em comparação com a EFVM, mas como com qualquer outro fato e aspecto presente na sociedade. E vale reafirmar o óbvio: as críticas e correções serão sempre bem-vindas.

Abraço a todos!
Central-Caxias: 1:30 de trânsito pela Linha Vermelha. Ou 29 minutos pela Supervia.

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